Doença é a principal causa para o procedimento; hepatites virais têm dia de combate no próximo domingo
Às vésperas do Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, comemorado no dia 28 de julho, o alerta para o problema ganha força, principalmente no que diz respeito ao tipo C, o maior responsável pela cirrose hepática e, por consequência, pelos transplantes de fígado. De 2009 até o momento, dos 280 transplantes de fígado feitos pela Santa Casa de São José dos Campos, 106 foram necessários em decorrência da hepatite C (37,8%). A instituição filantrópica é referência no transplante desse órgão. Atualmente, a Santa Casa de São José dos Campos tem uma fila de 11 pacientes com hepatite C, que aguardam o recebimento de um novo fígado.
A transmissão da doença acontece, principalmente, por sangue contaminado, em situações como compartilhamento de seringas, agulhas ou de instrumentos de manicure, pedicure, tatuagem e colocação de piercing. A infecção também pode ser transmitida pelo contato sexual e por via perinatal (da mãe para filho), durante a gravidez e o parto. “A hepatite C, na sua forma crônica, compromete as funções do fígado, entre elas, a produção de proteínas, vitaminas, fatores de coagulação e diminuição da imunidade. Na sua fase terminal, pode comprometer o rim, coração, cérebro e pulmão, com alto risco de mortalidade”, explica o coordenador do setor de transplantes da Santa Casa de São José dos Campos, Dr. Jorge Padilla. “Quando evolui para cirrose, o transplante é a única alternativa”, acrescenta o médico.
O procedimento cirúrgico leva, em média, de seis a oito horas para ser realizado, e o órgão transplantado pode ser de um doador em morte encefálica ou parte do fígado de um doador vivo.
Doença assintomática
A hepatite C é silenciosa, com período de incubação que varia entre 10 e 30 anos. Em razão disso, as pessoas demoram a tomar conhecimento da presença do vírus no organismo, que em 80% dos casos evolui para uma infecção crônica. Há casos em que pacientes com cirrose hepática nunca manifestaram sintoma algum. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 500 mil pessoas no Brasil têm hepatite C e não sabem.
“Qualquer doença é mais fácil de ser combatida quando descoberta cedo, por isso, é muito importante fazer os testes rápidos de hepatite, que estão disponíveis nos serviços públicos de saúde”, fala Padilla. “Principalmente pessoas com mais de 40 anos devem realizar a testagem, pois podem ter sido expostas a esse vírus na juventude”, completa.
Prevenção
O tratamento da hepatite C é ofertado gratuitamente no SUS (Sistema Único de Saúde) e, quando seguido corretamente, tem cura em mais de 90% dos casos. No entanto, mais importante do que isso, é a prevenção e alguns cuidados são essenciais para evitar o contágio:
– Usar preservativo nas relações sexuais;
– Não compartilhe objetos pessoais como alicates e lâminas de barbear. Ao ir ao salão de beleza para fazer as unhas das mãos e dos pés, leve seu próprio kit;
– Ao frequentar consultórios odontológicos, barbeiros e tatuadores, preste muita atenção na higiene dos utensílios e produtos;
– Em qualquer situação, não aceite seringas e agulhas que não sejam descartáveis.
Transplantes na Santa Casa
Em maio deste ano, a Santa Casa de São José dos Campos celebrou 10 anos do primeiro transplante feito no hospital. Referência em transplante de fígado, a entidade recebeu, em janeiro de 2019, o credenciamento para transplante de rins e retirada de órgãos e tecidos pelo SUS.
Em agosto, a Santa Casa de São José dos Campos completa 120 anos de atuação, sendo referência no atendimento igualitário e humanizado na região do Vale do Paraíba.